sexta-feira, dezembro 23, 2011

Petição Legislação para os animais de companhia

Do corpo da lei para a vida real. Do papel para o terreno. A legislação é um passo fundamental. A mudança de mentalidades leva mais tempo. Por isso a nossa voz, o nosso rosto, os testemunhos, são tão importantes nesta fase.


Petição Legislação para os animais de companhia

quarta-feira, dezembro 14, 2011

A minha rainha

aproxima-se do fim do seu curto tempo de vida. Procuro acima de tudo ser-lhe fiel, seguindo-a por palácios ou casarões, caminhos de lama ou de pó, e entender tempos e modos que nos são tão estranhos. Nela admiro a fortaleza com que cumpre tarefas que nunca desejou para si, mesmo quando estas implicam o reforço da sua majestade, e o aumento desmedido do seu poder. Esse poder que ela nunca quis, mas que encara como uma obrigação. O que ela sempre quis, foi o marido a seu lado mas teve-o tão pouco tempo junto de si ela que o amava antes de o conhecer, e levou essa adoração para a tumba. Em essência, amar no século XVI não é diferente de amar noutro tempo qualquer.

domingo, dezembro 11, 2011

Os reféns

Numa biografia histórica, em que a margem de liberdade de escrita é tão exigua, há outros recreios. Como por exemplo este, de ver chegado ao fim o cativeiro de duas crianças, filhas de um rei, reféns de outro. Um pequeno extracto relativo ao fim do seu cativeiro:

«Vordin descrevia-lhe que encontrara o delfim de França e o duque de Orleães andrajosamente vestidos, sentados nuns banquinhos de pedra, junto de uma janela gradeada, por dentro e por fora, por grossas barras de ferro. Não havia um único tapete no chão, uma única tapeçaria nas paredes, a criar um certo conforto, naturalmente negado a grandes criminosos que seguramente os meninos não eram, e os infantes passavam os dias fechados nessa masmorra gelada, de paredes grossíssimas, onde a pouca luz do dia entrava pela janela alta, que apenas deixava ver uma nesga do céu.»

quarta-feira, dezembro 07, 2011

eu sei que eu vou-te amar

por toda a minha vida e para além da vida de nós dois mesmo que me esqueça de ti mesmo que não te recordes de mim porque amar é na sua essência uma plenitude feita de abraços de luz e a luz comunga a mesma existência essencial no aqui agora da eternidade.

Disse ela.

Ele abanou a cabeça incrédulo e maravilhado. Perdera o sentido da frase aí por volta da sétima palavra, mas deixara-se, como de costume, embalar na cabala fonética das suas lengalengas. Respirou fundo, e tocou-lhe a face com a boca e respirou pela boca dela até os dois ficarem sem ar. Então percebeu que ela aguardava uma resposta e murmurou também te amo, na luz e na forma e no desejo. Quero-te tanto. Tanto.

Disse ele.

Depois percebeu que estava a acordar e segurou-lhe na mão. Depressa. Diz-me onde te posso encontrar. E quando. E como saberei que és tu.

Disse ela.

Mas nessa altura percebeu que estava só. Tinha acordado. Mais uma vez.